Em dia de São João deixei as festas do conselho e rumei á festa do trail.

Onde tudo começou…

Não havia trail em Portugal antes da Ultra Trail da Serra da Freita?

Em 2006 fez-se história e trail em 50 km, distância revolucionária à época e que agora é quase banal. Fazem-se ultras em todo o lado, banalizou-se o conceito de ultra resumindo-o à distância percorrida, e deturpando o conceito de, mais do que superação, transformação.
Houve durante anos provas nas serras portuguesas que percorriam caminhos e estradões, as chamadas corridas de montanha, e algumas provas em terreno de difícil progressão, os crosses. O Ultra Trail Serra da Freita foi a primeira prova da modalidade organizada no nosso país, e é, ainda, uma das maiores do género que se realiza em Portugal continental. José Moutinho tornou-se assim o pai do trail em Portugal e a Ultra da Serra da Freita a mãe de todos os ultras.
Afinal, até a distância mais curta, 12 quilómetros, exige preparação, mesmo se é em ritmo de caminhada, para iniciantes. Não é para os praticantes de trail e ultra trail para quem a Freita é incontornável. Estes optam pelo trail, com 28 quilómetros, pelo ultra, 65 quilómetros, e pelo elite trail, 100 quilómetros.
Quanto à Serra da Freita, contínua igual a si própria, desafiante e temível. E é por isso que, ano após ano, continua a atrair tantos atletas, dos mais experientes aos iniciantes, para participarem numa das quatro distâncias disponíveis: 100, 65 ou 28 km e ainda uma caminhada de 12 km.

Fatal como o destino…, é assim a UTSF! Percorrendo trilhos, pelo meio de paisagens de rara beleza. A prova é muito dura e com zonas muito saturantes, quer em subida, quer em descida é um enorme desafio, uma superação pessoal.


Assim que é dada a partida em Arouca começamos logo pelo um belo aquecimento e com uma enorme subida (9 kms) até chegar ao planalto da Freita. Correr no planalto da Serra da Freita é um desafio constante para não torcer um pé na selvagem vegetação bem rasteira e traiçoeira.
A serra mãe dá-nos a mão e acolhe-nos, ensina-nos e castiga-nos, premeia-nos e corrige-nos. Ensina-nos a saber ler os sinais que nos mandam parar ou andar, correr ou descansar. Como é possível... Sofrer e sentir saudade.


Bom, a minha preparação não foi muita, mas a vontade de fazer a prova era bastante. Às vezes mais vale o foco e a determinação para chegarmos á meta. Pois a um quilómetro da meta tive uma grande dor muscular, desistir nem me veio ao pensamento. Tentei atenuar a dor com uns alongamentos e uma breve caminhada. O incentivo, essas maravilhosas palavras dadas por alguns atletas, encorajou-me e a determinação coloca-me logo a correr. 
E passado minutos estou na meta a ser recebido pelo meu filhote e pela minha esposa.

Por ali fiquei no pavilhão, conversando com alguns atletas sobre a prova e aventuras de trail. Eis que chega a minha vizinha, que também participava na prova. Conversamos um pouco, e é incrível que foi aqui que nos conhecemos.





Aventuras que ficam e já mais serão esquecidas.

A organização é da responsabilidade da Confraria Trotamontes e da Câmara Municipal de Arouca.
O trabalho do Senhor do Trail, Grande Mestre José Moutinho e Flor Madureira é enorme, único e de louvar.